16 de março de 2010 postado por Administrator Idarte - 10:53 5 Comentários »

A um leitor desavisado o título deste post poderá sugerir que eu abandonei o conteúdo temático deste blog que é, principalmente, o desenho. No entanto, se você estiver disposto a dedicar um pouco de seu tempo lendo as palavras que se seguem, estou certo de que entenderá minhas razões em escrevê-las.

Ao longo desses 12 anos a frente do Idarte, eu e minha esposa Maira nos deparamos com situações as mais inusitadas. Algumas engraçadas, outras nem tanto. Pertencentes ao segundo grupo estão aquelas em que pessoas que gostam muito de arte (desenho principalmente) são casadas com quem não aprecia e nem valoriza esse tipo de coisa. A falta de entendimento do(a)  parceiro(a) no que diz respeito a quão importante é para quem gosta, o poder se expressar através do desenho, costuma ser desastrosa. Não sou capaz de precisar o número de casos de pessoas que nos descrevem seu desespero e tristeza profundos, por terem um companheiro(a) que, simplesmente, não conseguem perceber os danos que lhes provocam, ao, na quase totalidade dos casos, não admitirem que essas pessoas possam dar vazão a uma necessidade imperiosa e que lhes é tão cara: simplesmente poderem desenhar. A verdade é que ( como já tive oportunidade de afirmar em outro post ) a percepção do belo e a capacidade de aprecia-lo, bem como a disposição de  valorizar formas de expressá-lo artísticamente, são individuais e determinados por uma série de fatores que vão desde o temperamento do indivíduo até a maneira pela qual foi educado. É muito improvável que alguem que não aprendeu a valorizar a capacidade e habilidade de desenhar, passe a fazê-lo simplesmente por ter se casado com quem desenha. “Ok”, – dirá você  -” Mas o amor pode muitas coisas, inclusive fazer com que pessoas que não gostam de desenho, passem a gostar, por amarem seu companeiro(a)”     Muito bem, se eu negar essa possibilidade estarei indo contra minhas próprias convicções de que o homem (no sentido de ser humano, macho e fêmea) pode alterar substancialmente seu modo de ser, se assim o desejar.

No entanto, o risco de que as coisas não aconteçam bem assim e nem terminem com um final de conto de fadas é grande. Aumantam na razão direta do desprezo que um dos parceiros possa nutrir por desenho e seus correlatos (sim, existem pessoas que desprezam desenho e elas são em maior número do que você imagina) .

A conclusão a que desejo chegar é a de que, se você é uma pessoa que, simplesmente, não consegue imaginar sua vida sem desenho (profissionalmente ou não), provalvelmente seja conveniente considerar esse aspecto em seu (ua) aspirante a companheiro(a) (juntamente com tantos outros que consideramos, como caráter, temperamento, nível sócio-cultural, aspectos físicos de aparência, etc, etc, etc…).

Imagine o seguinte diálogo em uma balada qualquer. Talvez ele possa ser o seu, qualquer dia desses.

-“Oi, e aí, o que você tá fazendo por aqui?”

-“Sei lá, tô a fim de ver o que é que “rola” “.

-“Ah, sei… legal. Mas, por falar em “o que é que rola”, você gosta de desenho?”…

Gustavo.

15 de março de 2010 postado por Administrator Idarte - 15:00 2 Comentários »

Você já foi vítima de um golpe, popularmente conhecido por “Conto do Vigário”, ou conhece alguèm que já foi? Não? Pois saiba que todos os que caem em um “Conto do Vigário” são, em maior ou menor grau, cúmplices do estelionatário autor do golpe. Surpreso? Senão, vejamos. Todo “conto do Vigário” necessita da participação e colaboração da vítima, em uma trama que, teóricamente, tem por objetivo lesar uma terceira pessoa. Essa terceira pessoa, que usualmente faz o papel de um simplório é, na verdade, co-autor do golpe. A verdade é que, se a vítima em potencial do golpe não aceitar a idéia de lesar o “cúmplice simplório”, ela nunca se tornará em vítima de verdade.

Atualmente, com a imoral tendência reinante de obter vantagens e alcançar objetivos, sem a necessária disposição de fazer esforço, as pessoas acabam por ouvir o “Canto da Sereia”, que se constitui em uma modalidade de “Conto do Vigário”, na qual a vítima ouve de pessoas mal-intencionadas exatamente aquilo que deseja , sem se importar com a exatidão ou veracidade daquilo que se diz. Afirmações do tipo: “Aqui você aprende a desenhar em seis meses…” , “Nós vamos ajudar você a arrumar emprego, depois que você estudar aqui…” , “O mercado está carente de profissionais de CG. É só fazer o curso que você “tá feito”…” , “Não esquenta, quem faz CG não precisa de desenho…” , “Desenho prá que? O computador faz tudo…”

Quem não permite que sua “esperteza” o impeça de enxergar a realidade, nunca irá se deixar levar por pessoas inescrupulosas, mais preocupadas em amealhar dinheiro do que em manter uma relação comercial idônea, na qual tanto o prestador de serviço quanto o usuário, tem benefícios proporcionais. O aluno aprendendo e se desenvolvendo realísticamente e a escola sendo remunerada por isso.

Não se iluda, desenho não se aprende “da noite para o dia”, o computador (ainda) não “faz tudo sozínho” e, colocação em um mercado de trabalho extremamente competitivo, exige empenho e dedicação. Não se espere que um simples certificado de um curso qualquer possa, como num passe de mágica, assegurar sucesso instantâneo.

Infelizmente, enquanto houver pessoas dispostas a procurar os “atalhos da vida”, haverá aqueles que estarão a postos, prontos a oferecer mapas para esses atalhos que, como antigos mapas de tesouros enterrados, costumam conduzir a grandes e lamentáveis frustrações.

8 de março de 2010 postado por Administrator Idarte - 14:22 1 comentário »

Há inúmeras características desejáveis em profissionais de todas as áreas, na arte não seria diferente. Se você faz parte do rol daqueles que se interessam por desenho e gostariam de ser capazes de uma boa performance na área, vão aí algumas dicas.

1ª. – Não seja ansioso(a). Falar é fácil, você diria. De fato, para o ansioso(a) é extremamente difícil controlar-se. No entanto, a verdade é que, se existe uma característica absolutamente danosa àqueles que pretendem se desenvolver artísticamente, esta é a ansiedade. A ansiedade prejudica a capacidade de concentração do indivíduo, capacidade essa, imprescindível para um bom desempenho. Às vezes algumas pessoas culpam sua “falta de talento” por uma baixa produtividade em seu aprendizado quando, na verdade, a grande vilã é sua indomável ansiedade. Alguns psicólogos recomendam atividades artísticas (desenho, pintura, entre elas), para auxiliar seus pacientes a lidarem melhor com sua ansiedade, o que, de fato, poderá produzir algum resultado, desde que o indivíduo tenha em mente que, para isso, é preciso uma grande dose de força de vontade.

2ª. – Seja persistente. As dificuldades inerentes a fase de aprendizado são, por vezes, um tanto desanimadoras. Contudo, a capacidade em persistir no processo é a mola propolsora para o sucesso.

3ª. – Seja disciplinado. A disciplina é importante para o desenvolvimento e crescimento das habilidades. Sem disciplina é impossível obter  resultados  e alcançar as metas almejadas.

4ª. – Seja humilde. Se existe uma verdade absoluta em se tratando de artes visuais (desenho, pintura, ilustração e suas inúmeras variações) é que “Quanto mais você sabe, mais percebe o quanto há por aprender”. Quem se envolve com arte cedo em sua vida (como eu mesmo fiz) constata que poderia passar esta vida e outras tantas (se as existissem) aprendendo e crescendo como profissional, sem, contudo, esgotar o tema. É o aprendizado e a busca, constante, por novos conhecimentos, que faz um artista exigente consigo mesmo, tornar-se um profissional maduro e competente.

Sucesso, sempre.

Gustavo.

28 de fevereiro de 2010 postado por Administrator Idarte - 11:52 3 Comentários »

Eu sei que este espaço deve ser, preferencialmente, dedicado a assuntos artísticos mas, como tenho um grave defeito a julgar pelos padrões cultuados hoje em dia, vou fazer um parêntesis e abordar um tema que me parece até urgente: a ética.  A palavra ética tem origem no vocábulo grego “ethos” que significa algo como hábitos e modo de ser, certamente baseados em valores que estão contidos num indivíduo.  A filosofia trata da ética no âmbito da sociedade como um todo, como componente fundamental visando o bem da comunidade.  Pois bem, quando nos deparamos com manchetes nos meios jornalísticos, revelando escândalos envolvendo políticos (representantes do povo), tomando de assalto o dinheiro dos impostos, duramente recolhidos por uma população que é formada em sua esmagadora maioria por pobres ( não se iluda pensando que apenas a classe média paga impostos, pois é impossível sobreviver em uma sociedade moderna sem contribuir ), não consigo deixar de considerar que a culpa é nossa… Toda a população de nosso país é responsável por esse recorrente comportamento de nossos ilustres representantes. Não, de maneira simplista, por terem elegido esses que hora nos assaltam, mas, principalmente, por termos aberto mão de cultivar o respeito e apreço por valores morais, hoje considerados antigos e ultrapassados, que, contudo, serviriam de freio, impedindo que a natureza maliciosa e egoísta dos indivíduos, dominasse seus pensamentos e ações.    Hoje em dia vivemos em um país no qual seus habitantes, pasmem, valorizam a “esperteza” dos indivíduos que, ocupando cargos e funções públicas, agem de maneira deletéria, chegando mesmo ao ponto de confessar que, caso tivessem tal chance, fariam o mesmo. Onde se pretende chegar com tal modo de pensar? Traçando um paralelo com a questão da ecologia, seria o mesmo que, repentinamente, todos resolvessem, insanamente, derribar toda a floresta amazônica, a fim de usufruir de seus recursos naturais, inconsequentemente desconsiderando o impacto de tal desatino em futuro próximo. Se pretendemos ter políticos de melhor qualidade, é necessário cuidarmos, imediatamente, em sermos cidadãos de melhor qualidade. Não há outro meio. Afinal, esses políticos que causam tanta “indignação”, com uma incômoda crescente frequência,  são simples espelhos da nossa sociedade. Se nossa covardia nos permitir, poderemos, patéticamente, nos ver refletidos neles.

Gustavo.

14 de fevereiro de 2010 postado por Administrator Idarte - 10:30 2 Comentários »

Uma ilustração é, de maneira simplificada, um acréscimo visual agregado a um texto, que tem por objetivo complementá-lo, acrescentado informações ou, simplesmente, decorando-o.
O ilustrador deve ser, antes de tudo, um exímio desenhista, capaz de fazer frente as mais inusitadas demandas, ou seja, enfrentar desafios constantes e sair-se bem deles.
É possível imaginar ilustradores profissionais especializados em temáticas específicas ou segmentos em particular. Não é razoável supor-se que um único indivíduo seja capaz de possuir uma performance expoente em todas as áreas de aplicação da ilustração. Porém, face ao concorrido mercado de trabalho que está presente em todas as profissões ( não sendo diferente no mercado de ilustradores ) é inegável que um profissional com mais “jogo de cintura” estará melhor municiado para enfrentá-lo.
A primeira providência que o aspirante a ilustrador teve tomar é a de aprender a desenhar com desenvoltura e competência, não poupando esforços no sentido de atingir um grau elevado de desempenho.
A seguir, desenvolver-se nas técnicas de pintura e colorização utilizando-se dos materiais com os quais intencione trabalhar. Faço um parêntesis para observar que aqueles que pretendam utilizar-se de meios eletrônicos (softwares) para executar seu trabalho, não devem abrir mão de desenvolver, apriorísticamente, seu aprendizado em técnicas de pintura tradicionais, a fim de interagir com elas e compreender de forma prática, os recursos e meios para lograr alcançar resultados técnicamente competentes. A febre dos computadores tem levado muita gente a superestimá-los, imaginando que eles são capazes de tudo, quando, na verdade, apesar de excepcionais ferramentas, ainda carecem do atributo da inteligência, uma vez que este é, até o presente momento, exclusivo da espécie humana.
Uma vez decidido a levar a efeito trabalhos de ilustração digital, é indispensável o conhecimento do software que será utilizado e empregar ao trabalhar, preferencialmente, uma tablet.
Finalmente, manter-se informado a respeito daquilo que está sendo objeto de demanda pelo mercado, buscar encontrar um nicho em que pretenda desenvolver-se com maior profundidade e nunca parar de estudar e aprender.
Não se acomodar e buscar sempre novos conhecimentos e habilidades é marca registrada daqueles que levam sua profissão a sério, seja ela qual for.

Gustavo.

13 de fevereiro de 2010 postado por Administrator Idarte - 15:37 5 Comentários »

Eventualmente (as vezes com mais freqência do que seria desejável), aparece por aqui, no Idarte, alguem com um discurso mais ou menos nesses termos: “Sabe, copiar até que eu copio bem, o que eu quero é aprender a criar!”… Quando sou eu o premiado a atender o portador de um tão profundo anseio, a primeira providência que tomo é a de respirar fundo, municiar-me da maior quantidade de paciência que possa obter e, a seguir, discorrer a respeito daquilo que, acredito, possa significar a declaração acima. A fim de tentar facilitar meu trabalho e, quem sabe, evitar ocorrências semelhantes, passo a esclarecer, aqui, para todos aqueles que tem dúvidas similares, o que é possível ser feito para atingir esse objetivo.

Em primeiro lugar ( e é aí que reside a parte “sombria” da coisa toda ) é preciso ser capaz de entender o que o aspirante a artista tem em mente quando diz “aprender a criar“. Minha experiência me tem mostrado que, na sua esmagadora maioria, todos aqueles que se expressam dessa forma desejam, invariávelmente, se tornarem hábeis artistas ilustradores, sem, contudo, dedicarem anos de trabalho, esfôrço e suor, galgando um a um os degraus que os separam desse objetivo. É curioso notar que, em todas as oportunidades que tive de me deparar com um caso desses, em nenhum deles o interlocutor era capaz de “copiar bem”  como afirmava ser.

Um equívoco comum a todos eles me parece ser o desejo de serem capazes de desenhar com maestria qualquer coisa, sem utilizarem-se, para tanto, de referências visuais. Em última análise, desejam serem capazes de desenhar “de memória” ( o indefectível “criar”). Abro um parêntesis para lembrar uma declaração atribuída ao pintor Pierre-Auguste Renoir (mestre e expoente do impressionismo) a respeito desse tema. -“Posso pintar flores de memória, porém serão todas iguais”. Com isso, deixava patente a capacidade limitada da nossa memória, seletiva que é ao armazenar informações ( excluo a absolutamente ínfima minoria da população mundial portadora de um atributo conhecido como “memória fotográfica”, por motivos óbvios). Renoir pintou inúmeros e belíssimos quadros, sempre observando os jardins de sua residência…

Muitos se deixam levar pelo entusiasmo ao verem alguem desenhando sem estarem observando nada a sua frente. Ignoram, contudo, quantas vezes aquele indivíduo repetiu esse gesto. Quantas vezes, no início, não conseguiu um resultado digno de admiração? Por outro lado, existem pessoas que se dedicam a tentar desenhar um tema qualquer em particular e, depois de muito tentar, memorizam a fórmula para conseguir um resultado satisfatório. No entanto, qualquer outro tema que não esse, lhe causará um grande constrangimento, face a sua incapacidade de resolvê-lo.

Os desenhistas dignos desse título, capacitam-se a qualquer tema, independentemente de sua preferência pessoal ( todos temos preferências temáticas nas quais, via de regra, nosso desempenho é otimizado ). Não digo que todos os artistas devam se tornar exímios em todas as técnicas, longe disso. No entanto,  desenhistas não devem se sentir limitados por, pasmem, simplesmente não saberem desenhar.

Vivemos um tempo de “pressa de tudo”. A rapidez é marca registrada de nossa sociedade. As pessoas tem pressa em atingir resultados, metas, objetivos… Só não se lembram de que, em alguns casos, não se encontrou um substituto para a dedicação. E dedicação demanda tempo! A tendência de ganhar tempo tem levado muitos a queimar etapas em seu aprendizado, tendo, como consequência, ou uma formação deficiente e ineficaz ou uma frustante desistência por acreditar que a ausência de resultados expressivos é fruto de sua inabilidade ou falta de talento, quando na verdade tal se deveu, simplesmente, a sua exagerada pressa em chegar.

“Como ganhar na loteria”, “Como ganhar seu primeiro milhão antes dos trinta anos”, títulos como esses lotam as prateleiras das livrarias. Será que alguem já parou para pensar que se, de fato, alguem tivesse a fórmula para ganhar na loteria ou ficar rico facilmente, por que razão estaria escrevendo livros e tentando ganhar dinheiro com eles?

Estejam certos de que, se um dia, descobrirem a fórmula para substituir o trabalho, o esforço e dedicação, a vida perderá grande parte de seu tempero e as conquistas de cada um não terão maior significado do que o cabisbaixo chutar de uma pequenina pedra que, vez por outra, teima em aparecer em nosso caminho.

Gustavo.

2 de fevereiro de 2010 postado por Administrator Idarte - 18:59 13 Comentários »

Se você que lê estas palavras é considerado por alguém como um bom desenhista, talvez já tenha ouvido uma pergunta parecida com a do título deste post. E aí, então, por que você consegue desenhar e outras pessoas não?

Muitos consideram a capacidade de desenhar como uma prerrogativa de uns poucos privilegiados, contemplados que foram pela natureza com alguma espécie de dom, cuja dimensão e origem é intangível.  Dessa forma, por mais que se esforce, aqueles que não são possuidores desse atributo inexplicável, não conseguirão, jamais, galgar os degraus que o conduziriam a um desempenho pouco melhor que a de reproduzir uma irreconhecível figura em uma folha de papel.

Se você faz parte do grupo que pensa assim, acredito que deva começar a mudar de idéia.

Ser capaz de desenhar é, antes de tudo, ser capaz de ver! Ao orientar meus alunos rumo a uma bem-sucedida performance artística, o mais importante aspecto de seus aprendizados é o de auxiliá-los a desenvolverem sua percepção visual.

Portanto, a habilidade de desenhar é inata em alguns indivíduos apenas porque eles vêem, enxergam, percebem a realidade de u’a maneira diferente da maioria das pessoas.

Há inúmeras técnicas que apoiam o candidato a desenhista, mas nada substitui o desenvolvimento da capacidade de enxergar corretamente e, mais específicamente, enxergar de maneira adequada para esse fim.

Concluindo, se você deseja desenvolver essa capacidade (a de desenhar), saiba que todos podem fazê-lo, basta querer.

Um slogan utilizado para divulgar um concurso que premia anualmente os melhores na propaganda nacional era “Nada substitui o talento”. Parafraseando esse texto eu me arrisco a dizer: “Nada substitui a vontade”.

Gustavo.

31 de janeiro de 2010 postado por Administrator Idarte - 17:29 2 Comentários »

Ícone da publicidade e, por que não dizer, virtude cobiçada nos executivos de grandes corporações, a criatividade tem sido, por vezes, amalgamada a conceitos e sentidos que lhe turvam a essência, ao invés de franquear seu correto entendimento e acesso aos que, tão frenéticamente, a buscam.
Vista por muitos como dom etéreo, quase divinal, seria muito melhor compreendida se associada ao atributo cerebral que nos eleva a status superior (será?) ao de todos os outros animais: o raciocínio.
“Cogito, ergo sum” (penso, logo existo), a mais conhecida reflexão de René Descartes, contém em essência duas afirmações que deveriam ser inseparáveis na espécie humana: Tenho certeza de existir por pensar e, por outro lado, não posso existir sem pensar. Na prática, contudo, vemos, lamentável-
mente, a segunda delas sendo desprezada. Muitos passam pela vida sem dar a importância devida ao pensamento, ao raciocínio. Anos atrás, o estudo da lógica era parte do currículo dos cursos de segundo grau. Isto dava aos alunos a possibilidade de compreender quão importante é para o desenvolvimento do indivíduo aprender a pensar. Não há criatividade sem raciocínio. Aprende-se (ou não) a pensar desde a mais tenra infância e esse potencial desenvolvido irá acompanhar o indivíduo por toda sua vida, dando-lhe subsídios para crescer e se desenvolver em suas atividades.
O aprendizado do desenho (como ensino sério, não falacioso) traz como benefício adicional o desenvolvimento da capacidade de raciocínio. Que não nos ouçam todos aqueles alunos que declaram seu mais profundo repúdio a matemática e geometria, pois que o desenho as contém em grande quantidade em seu “dna”. Não deixa de ser divertido vê-los melhorando seu desempenho nas aulas dessas matérias, após iniciarem seu curso de desenho.
Especialmente em agências de propaganda, a função de Direção de Arte não deveria ser exercida por quem não possui formação artística.
Entre alunos que fizeram nosso curso, vários trabalham em agências com Direção de Arte.
Henri Marie Raymond de Toulouse-Lautrec Monfa, um dos precursores da propaganda nos idos do sec. XIX, com seus cartazes divulgando prostíbulos e teatros parisienses, era um artista plástico. Inúmeros profissionais da área da publicidade e propaganda atualmente são, também, artistas plásticos. O embrião das agências de propaganda na primeira metade do século passado constituia-se em uma dupla formada por um escritor (ou jornalista) e um artista plástico. Contundente associação de texto e imagem.
Nos anos em que atuei na área da publicidade, tive a oportunidade de perceber que todos os setores (atendimento, mídia, planejamento) de uma agência não usualmente envolvidos com o estúdio se beneficiariam, e a agência como um todo, se tivessem u’a melhor compreensão do papel da arte na propaganda.
Mas, enfim, esse é apenas meu ponto de vista. Possivelmente ouviremos o clamor de muitas vozes contrárias a ele, o que é legítimo e saudável, uma vez que é sabido que a unanimidade costuma ser burra. Inquestionável é, no entanto, o fato de estarmos todos, dia a dia, acrescentando centimetros de conhecimento e experiência a nossas vidas. Alguns buscam fazer desses poucos centimetros, muitos metros e até quilômetros. Esses, certamente, são os que fazem a diferença.

Gustavo Hasten Reiter.

19 de janeiro de 2010 postado por Administrator Idarte - 12:10 Comentários encerrados.

Faça a seguinte experiência: Aproxime-se de um grupo de pessoas que, próximas a uma cachoeira, observam o movimento das águas derramando-se sôbre as pedras e pergunte a algumas delas quais suas sensações naquele momento. Muitas terão dificuldade para descrever todo o prazer que aquela visão lhes proporciona. No entanto, esteja certo de que, ao menos uma delas lhe dará uma resposta mais ou menos nesses termos: “Não entendo o que as pessoas vêem nisso. É só água caindo!”… Qual de nós é capaz de contestar tão isensível definição de uma das mais belas visões com as quais nos contempla a natureza? O que é uma cachoeira, senão água caindo?

E então, o que faz com que muitos de nós sejamos capazes de transformar a visão de um monte de “água caindo” em uma experiência única, e muitas vezes, quase extasiante? A resposta a essa pergunta encontra-se envolta nos véus que recobrem os processos e mecanismos que fazem do nosso cérebro diferente de todos os outros com que são equipadas as outras espécies animais. Entre tantos outros atributos peculiares a nossa espécie humana, a capacidade de “sentir” a beleza daquilo que nos cerca é, sem dúvida, um dos mais misteriosos.

Por que algumas pessoas, mais do que outras, são capazes de enxergar a beleza intrínseca de uma obra de arte? De uma escultura? De uma pintura? De um belo desenho?

Longe de mim ter a pretensão de elucidar tal condição. Eu me satisfaço com a certeza de saber que em todas as civilizações que atingiram um grau de desenvolvimento expressivo, a apreciação da arte tornou-se parte integrante desse processo de crescimento. O que, em última análise, nos remete a conclusão de que quanto mais desenvolvida é uma população, mais presente está a Arte em sua vida.

Então vai aí um convite a você que lê estas palavras: Façamos do nosso pais um lugar cada dia melhor  para se viver. Usando a capacidade e a sensibilidade que nos permite sentir as emoções que a beleza propicia, influindo na sociedade como um todo, com o objetivo de elevar o nível cultural e, consequentemente, social dessa nação.

As belas paisagens e, muito especialmente, as inúmeras e belíssimas cachoeiras com que o Brasil foi presenteado, agradecem.

Um excelente 2010 a todos.

Gustavo.