Arquivo de janeiro de 2010

31 de janeiro de 2010 postado por Gustavo - 17:29 2 Comentários »

Ícone da publicidade e, por que não dizer, virtude cobiçada nos executivos de grandes corporações, a criatividade tem sido, por vezes, amalgamada a conceitos e sentidos que lhe turvam a essência, ao invés de franquear seu correto entendimento e acesso aos que, tão frenéticamente, a buscam.
Vista por muitos como dom etéreo, quase divinal, seria muito melhor compreendida se associada ao atributo cerebral que nos eleva a status superior (será?) ao de todos os outros animais: o raciocínio.
“Cogito, ergo sum” (penso, logo existo), a mais conhecida reflexão de René Descartes, contém em essência duas afirmações que deveriam ser inseparáveis na espécie humana: Tenho certeza de existir por pensar e, por outro lado, não posso existir sem pensar. Na prática, contudo, vemos, lamentável-
mente, a segunda delas sendo desprezada. Muitos passam pela vida sem dar a importância devida ao pensamento, ao raciocínio. Anos atrás, o estudo da lógica era parte do currículo dos cursos de segundo grau. Isto dava aos alunos a possibilidade de compreender quão importante é para o desenvolvimento do indivíduo aprender a pensar. Não há criatividade sem raciocínio. Aprende-se (ou não) a pensar desde a mais tenra infância e esse potencial desenvolvido irá acompanhar o indivíduo por toda sua vida, dando-lhe subsídios para crescer e se desenvolver em suas atividades.
O aprendizado do desenho (como ensino sério, não falacioso) traz como benefício adicional o desenvolvimento da capacidade de raciocínio. Que não nos ouçam todos aqueles alunos que declaram seu mais profundo repúdio a matemática e geometria, pois que o desenho as contém em grande quantidade em seu “dna”. Não deixa de ser divertido vê-los melhorando seu desempenho nas aulas dessas matérias, após iniciarem seu curso de desenho.
Especialmente em agências de propaganda, a função de Direção de Arte não deveria ser exercida por quem não possui formação artística.
Entre alunos que fizeram nosso curso, vários trabalham em agências com Direção de Arte.
Henri Marie Raymond de Toulouse-Lautrec Monfa, um dos precursores da propaganda nos idos do sec. XIX, com seus cartazes divulgando prostíbulos e teatros parisienses, era um artista plástico. Inúmeros profissionais da área da publicidade e propaganda atualmente são, também, artistas plásticos. O embrião das agências de propaganda na primeira metade do século passado constituia-se em uma dupla formada por um escritor (ou jornalista) e um artista plástico. Contundente associação de texto e imagem.
Nos anos em que atuei na área da publicidade, tive a oportunidade de perceber que todos os setores (atendimento, mídia, planejamento) de uma agência não usualmente envolvidos com o estúdio se beneficiariam, e a agência como um todo, se tivessem u’a melhor compreensão do papel da arte na propaganda.
Mas, enfim, esse é apenas meu ponto de vista. Possivelmente ouviremos o clamor de muitas vozes contrárias a ele, o que é legítimo e saudável, uma vez que é sabido que a unanimidade costuma ser burra. Inquestionável é, no entanto, o fato de estarmos todos, dia a dia, acrescentando centimetros de conhecimento e experiência a nossas vidas. Alguns buscam fazer desses poucos centimetros, muitos metros e até quilômetros. Esses, certamente, são os que fazem a diferença.

Gustavo Hasten Reiter.

19 de janeiro de 2010 postado por Gustavo - 12:10 Comentários encerrados.

Faça a seguinte experiência: Aproxime-se de um grupo de pessoas que, próximas a uma cachoeira, observam o movimento das águas derramando-se sôbre as pedras e pergunte a algumas delas quais suas sensações naquele momento. Muitas terão dificuldade para descrever todo o prazer que aquela visão lhes proporciona. No entanto, esteja certo de que, ao menos uma delas lhe dará uma resposta mais ou menos nesses termos: “Não entendo o que as pessoas vêem nisso. É só água caindo!”… Qual de nós é capaz de contestar tão isensível definição de uma das mais belas visões com as quais nos contempla a natureza? O que é uma cachoeira, senão água caindo?

E então, o que faz com que muitos de nós sejamos capazes de transformar a visão de um monte de “água caindo” em uma experiência única, e muitas vezes, quase extasiante? A resposta a essa pergunta encontra-se envolta nos véus que recobrem os processos e mecanismos que fazem do nosso cérebro diferente de todos os outros com que são equipadas as outras espécies animais. Entre tantos outros atributos peculiares a nossa espécie humana, a capacidade de “sentir” a beleza daquilo que nos cerca é, sem dúvida, um dos mais misteriosos.

Por que algumas pessoas, mais do que outras, são capazes de enxergar a beleza intrínseca de uma obra de arte? De uma escultura? De uma pintura? De um belo desenho?

Longe de mim ter a pretensão de elucidar tal condição. Eu me satisfaço com a certeza de saber que em todas as civilizações que atingiram um grau de desenvolvimento expressivo, a apreciação da arte tornou-se parte integrante desse processo de crescimento. O que, em última análise, nos remete a conclusão de que quanto mais desenvolvida é uma população, mais presente está a Arte em sua vida.

Então vai aí um convite a você que lê estas palavras: Façamos do nosso pais um lugar cada dia melhor  para se viver. Usando a capacidade e a sensibilidade que nos permite sentir as emoções que a beleza propicia, influindo na sociedade como um todo, com o objetivo de elevar o nível cultural e, consequentemente, social dessa nação.

As belas paisagens e, muito especialmente, as inúmeras e belíssimas cachoeiras com que o Brasil foi presenteado, agradecem.

Um excelente 2010 a todos.

Gustavo.