A um leitor desavisado o título deste post poderá sugerir que eu abandonei o conteúdo temático deste blog que é, principalmente, o desenho. No entanto, se você estiver disposto a dedicar um pouco de seu tempo lendo as palavras que se seguem, estou certo de que entenderá minhas razões em escrevê-las.
Ao longo desses 12 anos a frente do Idarte, eu e minha esposa Maira nos deparamos com situações as mais inusitadas. Algumas engraçadas, outras nem tanto. Pertencentes ao segundo grupo estão aquelas em que pessoas que gostam muito de arte (desenho principalmente) são casadas com quem não aprecia e nem valoriza esse tipo de coisa. A falta de entendimento do(a) parceiro(a) no que diz respeito a quão importante é para quem gosta, o poder se expressar através do desenho, costuma ser desastrosa. Não sou capaz de precisar o número de casos de pessoas que nos descrevem seu desespero e tristeza profundos, por terem um companheiro(a) que, simplesmente, não conseguem perceber os danos que lhes provocam, ao, na quase totalidade dos casos, não admitirem que essas pessoas possam dar vazão a uma necessidade imperiosa e que lhes é tão cara: simplesmente poderem desenhar. A verdade é que ( como já tive oportunidade de afirmar em outro post ) a percepção do belo e a capacidade de aprecia-lo, bem como a disposição de valorizar formas de expressá-lo artísticamente, são individuais e determinados por uma série de fatores que vão desde o temperamento do indivíduo até a maneira pela qual foi educado. É muito improvável que alguem que não aprendeu a valorizar a capacidade e habilidade de desenhar, passe a fazê-lo simplesmente por ter se casado com quem desenha. “Ok”, – dirá você -” Mas o amor pode muitas coisas, inclusive fazer com que pessoas que não gostam de desenho, passem a gostar, por amarem seu companeiro(a)” Muito bem, se eu negar essa possibilidade estarei indo contra minhas próprias convicções de que o homem (no sentido de ser humano, macho e fêmea) pode alterar substancialmente seu modo de ser, se assim o desejar.
No entanto, o risco de que as coisas não aconteçam bem assim e nem terminem com um final de conto de fadas é grande. Aumantam na razão direta do desprezo que um dos parceiros possa nutrir por desenho e seus correlatos (sim, existem pessoas que desprezam desenho e elas são em maior número do que você imagina) .
A conclusão a que desejo chegar é a de que, se você é uma pessoa que, simplesmente, não consegue imaginar sua vida sem desenho (profissionalmente ou não), provalvelmente seja conveniente considerar esse aspecto em seu (ua) aspirante a companheiro(a) (juntamente com tantos outros que consideramos, como caráter, temperamento, nível sócio-cultural, aspectos físicos de aparência, etc, etc, etc…).
Imagine o seguinte diálogo em uma balada qualquer. Talvez ele possa ser o seu, qualquer dia desses.
-“Oi, e aí, o que você tá fazendo por aqui?”
-“Sei lá, tô a fim de ver o que é que “rola” “.
-“Ah, sei… legal. Mas, por falar em “o que é que rola”, você gosta de desenho?”…
Gustavo.